sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Processo de Trabalho do Ator

O PROCESSO DE TRABALHO DO ATOR
Por: Eva Wilma


O ator tem que ter consciência da necessidade do aprimoramento dos seus instrumentos. Da sua técnica.
Ele tem que ter o preparo quase de atleta, preparo vocal, que vai desde a emissão da voz, a projeção dela, a dicção, a empostação, até a articulação. Para ser um intérprete, tem que se liberar de sotaques, para poder faze-los quando necessários. São técnicas de emissão de voz, técnicas de respiração, técnicas de seus instrumentos todos.

E, acima de tudo, tem que aprender a analisar um texto, a mergulhar nele. Grandes mestres já dissecaram isto. Stanislavski, por exemplo, foi um dos primeiros que racionalizou o método do ator.

No Brasil, Eugênio Kusnet (tive o privilégio de ser sua aluna) traduziu para nós o que é o método. Por exemplo, ele deixa claro o processo da “ação contínua”, muito importante na televisão ou cinema, porque temos que ter, com muita clareza, a “ação contínua” na cabeça. Ou seja, em cada cena, temos que saber em que estado estávamos na cena anterior e como é que estaremos na seguinte.

“O texto é a partitura, o diretor é o maestro e o ator o instrumento.”

Isto o ator tem que estudar. Tem que sentar e estudar. Tem que ter isto muito claro, emocional e tecnicamente, até para poder fazer propostas para o diretor, que é o maestro. No trabalho em televisão isto conta muito porque o diretor não tem tempo de acompanhar a “ação contínua” de mais de trinta personagens de uma novela. E isto compete a cada ator, que tem que saber a sua “ação contínua”.

Então, “ação contínua”, “memória emotiva”...O que é memória emotiva? Se o personagem, ao abrir aquela cena, tem que estar num estado de total desespero, aos prantos, como é que o ator entra nesse estado rapidamente? Ele tem que ter um poder enorme de relaxamento e concentração. Tem que se concentrar e mergulhar nas suas vivências. Para ajudar, temos também o esquentamento físico.
Eu, por exemplo, na televisão, como tudo é muito rápido, vou para traz dos cenários e corro de um lado para o outro até esquentar. Depois disso, é soltar as emoções. São várias as técnicas. Isto se aprende na escola. É necessário conhecer tudo isto para se tornar receptivo e, portanto, apto a transmitir emoções, pensamentos, idéias. Para atingir o estado emocional desejado, o ator pode usar experiências da sua vida, paralelas ao momento da vida daquele personagem. Isto é muito importante na televisão e no cinema. No teatro, basta que o ator esteja realmente preparado física e emocionalmente. Antes de entrar em cena, alguns exercícios vocais e físicos ajudarão o relaxamento e a concentração total.
É preciso muito cuidado porque, se entrar em cena para usar a voz em todos os potenciais sem esquentar as cordas vocais, poderá machucá-las. É preciso ter técnica. Quanto mais técnica tivermos, mais poderemos passar emoções.

“A essência do ator é encontrar um Deus dentro de si.”

O ator deve desenvolver equilíbrio perfeito entre técnica e emoção. Quanto maior for o perfeccionismo técnico, mais alto poderemos voar com as emoções.

Uma vez em cena, a “ação contínua” será contínua mesmo e esta é a grande magia do teatro.
Durante o tempo todo do espetáculo, a ação se desenvolverá diretamente diante do público.

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