quarta-feira, 30 de março de 2011

A UM AMIGO QUE SE FOI


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste


(Carlos Drummond de Andrade)

MS: 18º NO RANKING DE INVESTIMENTO EM CULTURA NO PAÍS

Mato Grosso do Sul é 18º no ranking de investimentos em Cultura no País
Categoria: Reportagens
Escrito por: revistaagente — 22, outubro 2010 as 11:56


Mato Grosso do Sul é o 18º estado no ranking brasileiro de investimentos em Cultura, conforme levantamento feito pela ONG (Organização Não Governamental) PCult.

No primeiro semestre deste ano, o governo estadual investiu apenas 0,16% de seu orçamento no setor. Em 2009, o percentual chegou a 0,32%, mas a posição no ranking era a mesma, 18º.

No ano passado, o investimento do governo na área cultural foi de R$ 10,8 milhões, o que levou o Estado à 20ª colocação neste quesito, aponta o estudo da ONG.


O valor Per Capita em Mato Grosso do Sul no ano passado foi de R$ 4. No ano anterior, o índice foi de R$ 3 e em 2007 de R$ 4.

Na região Centro-Oeste o Distrito Federal é o primeiro colocado. Goiás e Mato Grosso aparecem equilibrados e Mato Grosso do sul teve a pior colocação em todos os anos.


O levantamento feito em todos os estados brasileiros e no DF também aponta algumas surpresas.

Uma delas é que a Bahia superou o Rio de Janeiro nos valores destinados ao setor: em 2009, o estado baiano investiu R$ 185,9 milhões, ante R$ 128 milhões do Rio de Janeiro.

São Paulo continua à frente, com R$ 690 milhões investidos, mas a tese do “eixo Rio-São Paulo” hoje se mostra frágil perante a realidade apontada pelos números.

O Amazonas, conforme o estudo, é o estado que mantém o maior equilíbrio entre o volume de recursos destinados ao setor e a proporção de sua despesa anual.

Os estados da região Norte lideram o ranking de investimento per capita na Cultura, além do ranking de crescimento anual e proporcional de investimento.

O Estado que menos investe no setor é o Amapá. Na região Sul, o Estado que lidera o ranking é o Paraná, que perde somente em 2007 para Santa Catarina.

Estados muito ricos da federação, como Mato Grosso, Goiás e Rio Grande do Sul, ocupam posições muito modestas no ranking.

Outra curiosidade é o percentual que cada Estado investe de seu orçamento na Cultura. O gigante São Paulo, por exemplo, chega a ocupar um modesto 9º lugar em 2010, enquanto o Rio de Janeiro aparece em 15º.

“É notório que os Estados que dispõem de um volume orçamentário maior, proporcionalmente, investem menos no setor cultural do que os que dispõem de volume orçamentário maior”, aponta o relatório da ONG.

Em 2009, o crescimento per capita em cultura foi maior no Distrito Federal, Acre, Amazônia e São Paulo. Alagoas, Amapá, Rio Grande do Norte e Tocantins tiveram crescimento zero.

O levantamento foi feito pelo Partido da Cultura, “fórum informal, suprapartidário permanente, que trabalha para que a Cultura, tanto quanto educação e saúde, seja tema central dos debates políticos”, segundo informa o relatório.

Para o PCult, o resultado da pesquisa pode dar um indicativo de qual é o grau de relevância do setor cultural para os poderes públicos estaduais a partir de sua dotação orçamentária.

terça-feira, 29 de março de 2011

ESTRÉIA TEATRAL - O ALIENISTA (ENTRADA GRÁTIS!!!)


A Cia de Teatro Nu Escuro, com sede em Goiânia, investe em um novo desafio e transpõe da literatura para o palco o conto “O Alienista” de Machado de Assis. Nos dias 01 e 02 de Abril apresenta no Glauce Rocha, às 20h. A Entrada é Gratuita.

A proposta de direção desta montagem foi de utilizar o texto do Machado de Assis como um provocador do trabalho de criação dos atores, buscando produzir um caleidoscópio de informações visuais e verbais em um ritmo inquieto e instigante, onde a qualquer momento o público possa ser surpreendido por estas provocações

Informações:
(67) 9207-0310 / 9215-2099 / 3342-0828
Renata Bastos (Assessoria Local) / Anderson Lima (Produtor Local)

CRIE SEU PORTFÓLIO VIRTUAL GRÁTIS NA INTERNET!

Todos nós sabemos da importância de se divulgar nossos trabalhos, seja por qual meio for. Para nos ajudar nesse sentido, existe um website na internet onde é possível montar um portfólio virtual totalmente GRÁTIS, que poderá ser utilizado para a divulgação dos nossos trabalhos, quer sejam de teatro, música, dança, enfim, qualquer uma das áreas da cultura.


O site não é direcionado apenas aos atores e atrizes, também é voltado para diretores, produtores, iluminadores, técnicos de som e todos os que de alguma forma atuam na área cultural.


Então, acesse ainda hoje o endereço do site em www.clicfolio.com e crie ainda hoje seu portfólio e comece a divulgar seu trabalho.


O meu já está criado lá. Confira em www.clicfolio.com/mariofilho.


Um forte abraço a todos!

segunda-feira, 28 de março de 2011

domingo, 27 de março de 2011

APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO INFANTIL "O ARCO-ÍRIS"

DIA MUNDIAL DO TEATRO - 27 DE MARÇO

Teatro: espaço de realizações. Realizar: perceber. Conceber a idéia de que há algo a mais dentro de um mesmo espaço, de um ambiente, seja ele, físico, mental ou sentimental.
Lugar para percepção de idéias, de sentimentos, de fisicalidades.
Lugar para a recepção de idéias, de sentimentos, de fisicalidades.
Espaço para o simples jogo dialético do aprender e do ensinar. Espaço para viver.
Não há mais lugares para viver. Não há mais lugares para sentir.
O ser humano não sabe mais ser, humano.
Todo olhar se desvia; toda mão se fecha. Os corpos não mais se tocam!
Há uma afastamento, um distanciamento, um alienamento das idéias, dos sentimentos, das fisicalidades.
Sinto uma necessidade, quase sonífera, de deixar o movimento embriagante de viver passar através do tempo.
O sonho, muitas vezes, nos transporta a lugares onde não existem dúvidas e, a embriaguez, constrói idéias e sentimentos que se transportam da realidade física para o plano dos sonhos.
O encontro entre o sonho e real é o lugar para onde viajam as imaginações, o sentir, o ser.
Costumou-se chamar este lugar de palco da vida; local das representações; espaço onde o homem encontra o homem para ser homem; antro de orgias. Abreviou-se: Teatro.
Neste pequeno recinto à céu aberto, ou não; perambulante, ou não; com ou sem cenário, figurino ou música, há a evasão do tempo. Deixa-se de lado uma das maiores “conquistas” do homem: a construção do tempo. O tempo, em si, não existe. O homem o criou para poder se domar, para regrar o espaço, para tornar-se presa de si e não poder mais viver o mundo pelo mundo, mas, pelo tempo.
Nesta pequena agora, atravessamos o espaço físico experimentando sensações, inventando formas de comunicação acientíficas e descobrindo, cada qual ao seu jeito, a humanidade a tanto perdida pelas civilizações.
Esqueçamos por um breve momento a teoria e a ciência, os teóricos e os cientistas, a positividade da vida moderna, e olhemos para o chão onde pisa o ator. Sintamos o cheiro deste lugar. Fechemos os olhos por um pequeno instante e vejamos aonde nos leva o prazer e o êxtase de pisar este solo sacro para os antigos e cultuado pelos novos.
Teatro: racionalidade e sentimento num mesmo espaço; controle e descontrole de emoções e abstração; psiquè e corpo em perfeita harmonia. Simples brincadeira. Lúdico e cúmplice; amante e amado; fogo e água; a demanda e a espera; o Diabo e cruz. Ator e platéia.
Daqui, cruzo olhar com inúmeros pares de sonhos e vejo a grande necessidade que brota de dentro do indivíduo de sentir melhor o mundo a sua volta, de não ter vergonha, de romper valores e limites, de não se limitar à vida.
Eu aprendi que o Teatro é a melhor representação da não-animalidade urbana do homem, ou seja, da sua animalidade natural, placentária, desprovida de quaisquer valores morais e éticos limítrofes que impeçam o seu desenvolvimento natural, enquanto tal.
Estar no palco é dar vida a crianças adormecidas.
Criança não vê em preto e branco, bidimensional, unilateral. Enxerga grande e gordo o mundo. Colorido.
Chuta poça d`água em dia de sol.
Na ponta do pé pula pra pegar o céu.
Guarda o infinito numa caixa de música, fecha os olhos e é... Criança / Teatro.
Acabado o espetáculo levamos para casa um pouco de cada coisa vista, ouvida e sentida, mas, também, deixamos sentimentos no ator que jogou com o público e ele, certamente, mudará a si próprio dentro do camarim retirando a maquiagem e voltando a ser, humano.
Neste palco muitos pés cresceram; neste palco muitas lágrimas secaram – de ator e de platéia; neste palco o Teatro foi apresentado a muitos pela primeira vez; neste palco muitos fincaram raízes para serem brasileiros; neste palco, vieram e foram; neste palco, prazer e dor; neste palco, desejo de terra e céu; neste palco, pé; neste pé, no palco.

Texto: Otavio Linhares e Solange Faganello



PARABÉNS A TODOS OS FAZEDORES DE TEATRO, QUE DISSEMINAM A CULTURA E FAZEM DA SUA ARTE, SUA BANDEIRA!

sábado, 26 de março de 2011

3º SARAU DE TRÊS LAGOAS - PROGRAMAÇÃO



Saudações.

Segue em anexo e abaixo as apresentações que ocorrerão no 3.º SARAU CULTURAL DE TRÊS LAGOAS, a ser realizado neste Sábado, 26/03, as 20h, no Saguão da Antiga Prefeitura (em frente a praça Ramez Tebet).

Lemabramos que as pessoas que quiserem declamar ou recitar “poesias” ou “textos”, próprios ou de outros autores, poderão se inscrever no dia e local da concretização do evento, sendo apenas necessário que o (a) interessado (a) preencha a sua ficha de inscrição, anotando os seus dados pessoais e do respectivo texto a ser explanado.

Contamos com vossa presença e apoio na divulgação.

Att,

Leandro Pansonato Cazula




3.º SARAU CULTURAL DE TRÊS LAGOASDia 26 de Março de 2011. Sábado. Local: Saguão da Antiga Prefeitura de Três Lagoas
Apresentações de Textos e Poesias – Livre. Horário: 20 horas
NOME
CATEGORIA
APRESENTAÇÃO
Banda DIVIN
Responsável: Sadir Avila Ornellas Jr.
Música
Apresentações das Músicas: “Meu Ser”; “Entre Mares”; “Por onde Vou”
A Banda DIVIN é uma Banda Cristã. As músicas são de autoria do próprio grupo.
Élis Henrique Pereira de Souza e Fernanda
Música
Apresentações das Músicas: “Morada” da banda Forfun; “Do Alto Da Pedra” da banda Rosa de Saron
Grupo de Choro “Rui e Binha”
Responsáveis: Rui e Chico Antunes
Música
Com a apresentação intitulada “Chorando em Três Lagoas”
Grupo de Choro composto por Cavaquinho, Violão de 6 cordas, Violão de 7 cordas, Percussão (Timba e Pandeiro) e Voz.
Escola Livre Arte Musical
Responsável: Rosa Belfort
Música
Apresentação em Piano Solo
Seguintes Músicas: 7ª Valsa – Chopin; Na Corda da Viola – Villa Lobos; Medley Chamer Yesterday Till – Claydmann
Hélio Castelhano e Ricardo Brasil
Música
Apresentações de Músicas Instrumentais
Com os instrumentos: Violão Erudito e Contrabaixo Acústico
João Wesley e Bola
Música
Apresentações de Músicas Instrumentais
Utilizando os Instrumentos: Piano e Sopro
Orquestra de Câmara
Responsável: Ricardo Brasil
Música
Apresentações de Músicas Eruditas
Com os instrumentos: Baixo Acústico, Violino, Violon Celo, Viola de Arco
Cidinha Mariano e Convidados
Música
Apresentações de Músicas Regionais
Com os instrumentos: Viola Caipira, Violão, Baixo Elétrico.
Núcleo Municipal de Dança
Responsável: Thiago Ramalho Silva
Dança
Título da Apresentação: “Não Me Deixe”
Apresentação solo de Modern Jazz da Música “Ne me quite pas” na voz de Maria Gadú.
Grupo de Teatro Identidade
Teatro
“Contação de Estória” – Com Nádia Stefan e Bruna Neto
Apresentando o Texto “Pra se contar uma História” de Batista Filho e a Estória “Bom dia Todas as Cores” de Ruth Rocha.
Grupo de Teatro Identidade
Teatro
“Contação de Estória” – Com Bruna Neto e Tatiana Mizobe
Apresentando “Ana e o Mar” da Canção  de Fernando Anitelli do Grupo “O TEATRO MÁGICO”
Os Pregadores Do Riso – Araçatuba/SP (Grupo Convidado)
Responsável: Marcelo Messias De Souza
Teatro
Espetáculo: “Palhaços no Olho da Rua” 3- Partes
“Inspirado na Comedia de resgate a gags tradicionais do circo, encenadas por palhaços há mais de 200 anos”
Grupo Municipal de Teatro e Circo Libertart
Paulo Sanches
Teatro
Números de Palhaço - 3 Apresentações
Apresentado os palhaços “Cai-cai & Culote”

quarta-feira, 23 de março de 2011

APRESENTAÇÃO DO ESPETÁCULO INFANTIL "O ARCO-ÍRIS"


Sábado, dia 26/3, às 10h30 no Teatro de Arena do Horto Florestal de Campo Grande (MS)



SINOPSE - Numa nuvem branca onde o arco-íris reina, existe um grupo de seres que vivem em função das cores deste arco. Sua pacata vida é agitada pelo nascimento de um novo irmão, a sétima cor. Este acontecimento os faz lembrar de seu irmão desaparecido e também do perigoso monstro das nuvens negras que eles tem de enfrentar.


Onde estará este irmão desaparecido? Quem será este monstro das nuvens negras? Como será a nova cor?


O espetáculo ensina através de uma linguagem simples e não simplória sobre a natureza, sobre os males da mentira e sobre os valores familiares.


DIREÇÃO - Ewerton Goulart
FIGURINO E CENÁRIO - Alex Guedes


ELENCO (Em ordem alfabética)
AGENOR AGE - Eluá
DAYANE STÉPHANIE - Nãna
EWERTON GOULART - Link
LAYNE PAES - Lina
MARCELO BENITES - Raiã
MÁRIO FILHO - Mestre
NOHÊMYA ALMEIDA - Casé


Entrada Franca - Comemoração da Semana Nacional do Teatro. Compareça e convide seus amigos, vizinhos e parentes.

ADEUS A ELIZABETH TAYLOR – A Diva das Ilusões

A Rainha dos olhos cor violeta do Cinema Americano nos deixou aos 79 anos devido a uma insuficiencia cardiaca. Ela que encheu nossos Olhos preenchendo as telas dos cinemas com sua beleza e talento. A Diva que fez muitos corações felizes, infelizmente calou o seu e deixa o cinema, 4 filhos, 10 netos e 4 bisnetos.


A grande Diva de Hollywood da adeus e nós órfãos suditos também nos despedimos das Cleopatras, Das Megeras Domadas, Martha (de Quem Matou Virginia Woolf?), a menina de Lassie e muitas outras personalidades que nos encantara. Agora teremos que recorrer as locadoras para poder revê-la e matar a saudade.


Liz Taylor que Deus ilumine seu caminho a você uma das maiores divas que o cinema Hollywoodiano ja teve e que dá Adeus as Ilusões!

terça-feira, 22 de março de 2011

NELSON RODRIGUES - A OBRA DO GRANDE MESTRE

A obra teatral de Nelson Rodrigues compõe-se de duas vertentes nítidas, cuja fisionomia complementar lhes confere plena unidade. Uma vertente prepara a outra, cava os alicerces da seguinte e ambas, numa síntese que jamais está ausente do conjunto da obra de qualquer artista importante, revelam a visão complexíssima que tem do mundo este teatrólogo robusto, sem dúvida dos maiores até agora surgidos em língua portuguesa.

Ao primeiro movimento da obra de Nelson Rodrigues, poderíamos chamar de mitológico. Aí encontramos este "mural primitivo, pintado com sangue e com excremento, onde se espoja toda a brutalidade poética do bicho-criatura humano", para usarmos a excelente expressão de Pompeu de Sousa. As grandes peças iniciais de Nelson Rodrigues - Vestido de noivaAnjo negroSenhora dos afogados,Álbum de família - pertencem a esse ciclo inaugural, genesíaco, onde o autor, voltado para as raízes mais profundas do seu inconsciente, busca encontrar a sua mitologia pessoal, fundante, ao mesmo tempo que, nesta pesquisa, exprime problemas e situações essenciais da espécie.

Essas peças do "ciclo mitológico" significam o movimento que faz o autor no sentido de sua interioridade, numa sondagem vertical das estruturas, a partir das quais a sua obra - e a sua própria personalidade - passam a conhecer-se e a construir-se. Claro está que a direção criadora dessa fase do teatro de Nelson Rodrigues tem repercussões na linguagem por ele usada e, além disso, se reflete na recorrência com que, numa mesma peça, as mesmas situações básicas se repetem, numa pseudo monotonia que, longe de significar simplificação e empobrecimento, tem todo o sentido de um trabalho humano, poético e dramático que traz em si a fatalidade de esgotar-se - para surgir à luz em toda a sua grandeza.

O autor escava os seus temas, gira em torno deles, exacerba-os para clarificá-los e, a uma crítica menos avisada, este esforço poderá parecer sobrecarga rebarbativa quando, em verdade, obedece apenas aos movimentos da sístole e diástole que caracterizam a pulsação do espírito em seus níveis inconscientes mais arcaicos. Amor e ódio, nascimento e morte, incesto e crime, gênese e apocalipse - tais são as massas incandescentes que giram no universo dramático de Nelson Rodrigues, na primeira fase do seu teatro, sem nenhum compromisso com a verossimilhança e sem pretender qualquer transcrição realista do mundo objetivo.

Este dado é muito importante para se compreender a estrutura dramática das peças de Nelson Rodrigues, na primeira etapa de sua criação. Acima da realidade está o mito, no que comporta de essencial e universal. Não se trata, aqui, de utilizar como substância dramática a situação concreta do homem no mundo, mas de iluminar, poética e intuitivamente, o feixe mais profundo de sua possibilidades conflitivas fundamentais. Em Álbum de família, por exemplo, - e escolho esta peça por considerá-la central dentro da obra de Nelson Rodrigues, e sua mais importante criação mítica - não se vai encontrar a história de uma família determinada, sofrendo a influência mediadora do seu tempo, do seu meio e apresentando, portanto, uma fisionomia, conflitiva, específica e historicamente condicionada.

Nessa obra, o que importa é o mito do incesto, tratado em todas as direções possíveis, desdobrado nos dilaceramentos e nos ódios que lhe são intrínsecos. Senhorinha, Nonô, Jonas, Glorinha não são pessoas de carne e osso, são símbolos, são arquétipos, solenes e terríveis na sua grandeza e na sua miséria super-humanas, e o não-entendimento deste fato gera equívocos ingênuos e grosseiros - como o da estupidez policial que interditou a peça por considerá-la imoral.
O homem, na sua marcha para a consciência, ou melhor, na sua busca dos Logos, arranca sempre do mito, do chão fecundo e obscuro de sua alma, onde fervem as situações fundantes em toda a sua ingênua e terrível crueldade.

É esse mundo, e esse humus pré-lógico que Nelson Rodrigues, no seu esforço de estruturação de si mesmo e de sua obra, procura trabalhar e transcrever. Neste sentido, sua obra é tão imoral como a mitologia grega ou a mitologia de qualquer povo, crivada de incestos, de crimes, de sangue e excremento. E, ao chamar-se de tarados os personagens arquétipos de Nelson Rodrigues, cai-se no mesmo e profundo ridículo que corresponderia a uma acusação desse tipo feita a Édipo, no Édipo Rei, de Sófocles. A moral convencional se aplica aos humanos, não aos heróis míticos da espécie.

Eles são tão imorais ou tão elementares como um grande rio em plena enchente, destruindo casas, alagando campos, afogando crianças e rebanhos. E, ao mesmo tempo, esses heróis são profundamente morais, porque exemplares na sua coragem superhumana de descer aos abismos, clareando as trevas que dormem no fundo de cada ser humano e que nós - por não sermos heróis - não conseguimos suportar.

Do ponto de vista da linguagem, as peças míticas de Nelson Rodrigues se adequam à matéria-prima dramática que lhes dá substância. A linguagem é solene, poética, encantatória. O verbo do mito participa de sua condição supra-racional. As imagens e os símbolos verbais estão carregados de sentido intuiitivo, iluminante, supra-coloquial. Não há nada, nessas peças, da banalidade cotidiana do prosaísmo sufocante que, depois, na sua segunda fase criativa, será a matéria de trabalho do grande damaturgo.

Nelson Rodrigues, na fase inaugural de sua obra, persegue o "autêntico real absoluto", de Novalis, a poesia que se identifica à verdade ideal e, por isto mesmo, ultrapassa o homem de carne e osso, encravado dentro do mundo, pojado do cotidiano que revela a sua pequenez e, ao mesmo tempo, a sua grandeza. Os personagens míticos de Nelson Rodrigues são sempre grandes, desmesurados, uma vez que - habitantes do Olimpo - participam da perenidade dos deuses antigos. Eles são intemporais, pois lançam suas raízes na matriz da alma humana - também intemporal - e deles não se pode esperar que sejam o retrato do homem histórico, mas a sua transposição transfigurada para o plano do mito.

Já na segunda fase de sua obra, Nelson Rodrigues, tendo encontrado em si mesmo, através da vertente mítica, os temas fundamentais de sua equação pessoal e de sua dramaturgia, caminha ao encontro não do homem imortal, mas do homem que morre. "Esse bicho da terra tão pequeno", mergulhado na sua ecologia específica, morador do subúrbio, crivado de contradições, envenenado de banalidade, mas vivo, vivo na sua condição trágica de ser marcado pelo pecado e pela morte, será o barro a partir do qual Nelson Rodrigues, apos A falecida, passará a esculpir sua obra teatral.

É claro que existe uma unidade essencial entre ambos os movimentos dessa obra. A comédia mítica se sucede à comédia humana. Ao homem como pura interioridade, se sucede o homem carioca, o homem do subúrbio, o ser humano particularíssimo nascido do homem geral mitológico. Esta marcha para a realidade, cujo primeiro lance, como vimos, é expresso através de A falecida,não significa uma ruptura de significados, mas um desdobramento analítico dos significados anteriores.

Da síntese intuitiva, isto é, da poesia, Nelson Rodriges parte para a análise de caracteres, isto é, para a prosa. E esta passagem da poesia para a prosa corresponde ao domínio, conquistado pelo autor, de sua temática pessoal profunda, de tal forma que já lhe é possível surpreender a poesia na prosa, as situações exemplares dentro do que é peculiar, particular, específico. Como Balzac, Nelson Rodrigues sabe agora que, no ambiente provinciano, nos pequenos meios afogados pela rotina, no subúrbio - que é a província do dramaturgo - se escondem as mais intensas paixões humanas.

A partir de A falecida passamos a assistir, na obra de Nelson Rodrigues, ao desfile dramático dos mesmos temas que fazem a pletora de sua fase mítica, mas já com outra conotação, com outra estrutura, com outra linguagem. Amor e ódio, nascimento e morte, gênese e apocalipse continuam a ser os assuntos que o obsedam. Mas esses movimentos da alma estão encarnados, ganham finitude, miséria, cotitianeidade, através da galeria de tipos criados pelo autor. Seus personagens descem do Olimpo, se aproximam de nós, exprimem a presença, em nós, dos grandes temas configurados à nossa dimensão humana e, nesse sentido, nos comovem e nos horrorizam mais - pois já agora ouvimos, por intermédio deles, a voz de nossos próprios horrores pessoais.

A grande novidade, a meu ver, dessa fase "balzaqueana" na obra de Nelson Rodrigues reside na linguagem. É óbvio que, a uma guinada tão intensa, qual seja a passagem da comédia mítica para a comédia humana, correspondeu necessariamente uma mudança decisiva e orgânica da linguagem. É admirável a maneira pela qual essa mudança foi feita. A linguagem de Nelson Rodrigues, em sua segunda fase criativa, possui uma formidável plasticidade, participa intrinsicamente do processo vivo dessa fase, chega a exprimi-lo - e, nas suas peças sucessivas, cada vez com mais força.

Pode-se caracterizar a obra de Nelson Rodrigues, desde A falecida, a partir da linguagem. Esta, à semelhança de seus personagens, desceu do Olimpo e se plantou no subúrbio, criou raízes neste ambiente, desceu até a sua terra mais profunda para brotar com um vigor e uma originalidade absolutos. É magnífica a forma pela qual Nelson Rodrigues, abandonando a semântica solene e hierática do mito, chegou libérrimo à expressão coloquial que colhe a palavra na sua fonte popular mais pura, sem nenhum recurso "literário", sem qualquer contrafação que revele o artifício ou a busca da simplicidade.

Sua linguagem é simples, porque é perfeita. E nesta medida, sendo simples, é complexíssima, pois traz consigo os meios expressivos que lhe possibilitam a revelação dramática de caracteres humanos e de situações metafísicas profundas. Acredito que Nelson Rodrigues, para realizar uma tal proeza semântica, se apoiou na experiência literária que para ele representa A vida como ela é, crônica diária de gosto quase sempre duvidoso, mas que lhe serve às mil maravilhas para afiar seus instrumento verbal. E, assim, sua crônica tem, dentro de sua obra, um papel auxiliar de primeira importância.
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Extraído de Nelson Rodrigues - Teatro quase completo, volume IV (tempo brasileiro/1966)

DIA MUNDIAL DO TEATRO - 27 DE MARÇO

Mensagem de Judi Dench pelo Dia Mundial do Teatro

A Jornada Mundial do Teatro é para nós a ocasião de celebrar o Teatro na multiplicidade de suas formas. Fonte de divertimento e inspiração, o teatro contém em si a capacidade de unificar as inúmeras populações e culturas que existem pelo mundo afora. Mas ele representa muito mais do que isso, ao oferecer-nos possibilidades de educação e informação.

O teatro acontece no mundo inteiro, e não apenas nos seus espaços tradicionais : os espetáculos podem ser realizados numa pequena aldeia da África, no sopé de uma montanha da Armênia, em uma pequena ilha do Pacífico. Tudo o que precisa é de um espaço e de um público alvo. O teatro possui esse dom de nos fazer rir, de nos fazer chorar, mas ele deve, também, fazer-nos refletir e reagir.
O teatro é fruto de um trabalho de equipe. São os atores que vemos, mas existe um número espantoso de pessoas escondidas, todas elas tão importantes quanto os primeiros e cujas diferentes e específicas competências permitem a realização do espetáculo. A eles se deve uma parte de todo o triunfo ou sucesso alcançado.
O dia 27 de março é a data oficial da Jornada Mundial do Teatro. Mas cada dia deveria poder ser considerado, de diversas maneiras, como uma jornada do teatro, pois cabe-nos a responsabilidade de perpetuar esta tradição de divertimento, de educação e de edificação dos públicos, sem os quais não poderíamos existir.

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Dame Judith Olivia Dench (North Yorkshire, 9 de dezembro de 1934) é uma atriz britânica nascida na Inglaterra vencedora do Oscar. Já ganhou muitos prêmios por suas atuações em teatro, televisão e cinema. Quando tinha treze anos, entrou para a The Mount School, em York. Hoje, é patronesse da Friends' School Saffron Walden.
Recebeu seu treinamento profissional no Central School of Speech and Drama em Londres, e estreou como Ophelia em Hamlet em Liverpool, em 1957, na Old Vic Company. Depois, foi aparecer em várias temporadas em Oxford e Nottingham. Em 1961, entrou para a Royal Shakespeare Company e fez muitas aparições em Stratford e Londres ao longo das próximas duas décadas, ganhando vários prêmios de melhor atriz.
Em 1995, Judi interpretou o papel de M (Chefe do MI6) na série de filmes James Bond, aparecendo nos seguintes filmes: GoldenEye (1995); Tomorrow Never Dies (1997); The World Is Not Enough (1999); Die Another Day (2002); Casino Royale (2006); Quantum of Solace (2008).

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DIA MUNDIAL DO TEATRO - 27 de Março
O Dia Mundial do Teatro, criado em 1961 pelo Instituto Internacional do Teatro, é celebrado todos o anos, a 27 de Março, pelos centros nacionais do Instituto Internacional do Teatro e pela comunidade teatral internacional. São organizadas numerosas manifestações teatrais nesta ocasião, sendo uma das mais importantes, a difusão da mensagem internacional, tradicionalmente redigida por uma personalidade do Teatro, de renome mundial, a convite do Instituto Internacional do Teatro.
O International Theatre Institute (ITI), uma organização não governamental, foi fundado em Praga no ano de 1948 pela UNESCO e pela comunidade internacional do teatro.

terça-feira, 15 de março de 2011

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O "3º SARAU CULTURAL" DE TRÊS LAGOAS



Passado o período festivo do Carnaval do ano de 2011, as atividades e eventos culturais continuam em Três Lagoas, e o SARAU CULTURAL DE TRÊS LAGOAS, que foi retomado no ano anterior, já tem seu cronograma definido para este ano, onde serão realizados quatro eventos. O mesmo é uma produção do Departamento de Cultura de Três Lagoas e Prefeitura Municipal com a parceria e apoio do Grupo de Teatro Identidade e Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A próxima edição do Sarau Cultural ocorrerá no dia 26 (vinte e seis) de Março, às 20h, no local de costume do Saguão da Antiga Prefeitura de Três Lagoas, onde já foram realizados os eventos anteriores.
A novidade para este ano será que os grupos e pessoas interessados (as) em apresentarem “músicas”, “danças” ou “teatro”, deverão fazer sua inscrição com no mínimo três dias de antecedência do dia da realização do evento, onde uma equipe composta por profissionais de cada área irão avaliar a qualidade artística da apresentação do respectivo grupo ou pessoa, aprovando ou indeferindo tais apresentações. A equipe organizadora confirmará aos responsáveis inscritos a participação e programação do evento no dia anterior do Sarau Cultural, bem como divulgará a toda imprensa local e demais interessados. As inscrições devem ser realizadas no Departamento de Cultura de Três Lagoas, cito no Saguão da Antiga Prefeitura, em frente a Praça Senador Ramez Tebet, no período de 14 (quatorze) a 23 (vinte e três) de Março, das 7h às 13h.
Já as pessoas que quiserem declamar ou recitar “poesias” ou “textos”, próprios ou de outros autores, poderão se inscrever no dia e local da concretização do evento, sendo apenas necessário que o (a) interessado (a) preencha a sua ficha de inscrição, anotando os seus dados pessoais e do respectivo texto a ser explanado.
O Sarau Cultural visa incentivar a expressão cultural da população três-lagoense em todos seus aspectos; passando pela música, dança, poesia, interpretação teatral e demais manifestações artísticas. Toda a sociedade está convidada a participar e prestigiar deste evento, que acima de tudo mostra a verdadeira identidade cultural dos cidadãos.
O Sarau é uma festa literária noturna ou um concerto musical realizado em casas, teatros ou estabelecimentos noturnos e é uma grande oportunidade para as pessoas e grupos expressarem seus pensamentos, desejos, gostos e talentos e até mesmo uma forma de divulgar trabalhos artístico, um momento que une pessoas desconhecidas ligadas por gostos e desejos semelhantes, e é, sobretudo, uma forma de interagir com a arte.
O Evento é aberto para todas as pessoas que o queiram assistir, sem a necessidade de apresentarem-se, sendo que os presentes poderão conhecer um pouco mais as artes e os talentos que existem em Três Lagoas.

Serviço:
3.º SARAU CULTURAL DE TRÊS LAGOAS
Data: Dia 26 de Março de 2011. Sábado.
Local: Saguão da Antiga Prefeitura de Três Lagoas
(Alameda Paul Harris n.° 30, Centro)
Enfrente a Praça Ramez Tebet
Horário: 20 horas
Inscrições para “Música”, “Dança” e “Teatro”: Até o dia 23 de Março


Informações/Inscrições: Departamento de Cultura de Três Lagoas
67-3929-1133 Ramal 220/223 / 3509-3718 / 9988-5148 / 9151-0008
http://teatroidentidade.blogspot.com/