quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O MELHOR BLUES DE CAMPO GRANDE RESISTE A INTOLERÂNCIA

No bairro Tiradentes, o portão da garagem sobe e eis que surge um bar, um ambiente onde o Blues é único no palco. Toda sexta-feira é assim.
Há 5 anos, quando fechou o Iris Cyber Café, um bar underground na avenida Afonso Pena, Edir Azevedo, de 55 anos, resolveu reunir os amigos na garagem de casa, na avenida Rouxinóis, para não deixar o som acabar.
A funcionária pública convidou a banda Cachorro Velho para uma “canja” e o lugar virou hábito: o Rota 16.
O bar não cobra entrada ou adicional de 10%, não tem pretensão alguma, a não ser manter o som ao vivo, para quem curte o blues.
Nada é mais típico do que chegar ao Rota 16, entre os quadros de músicos pendurados pelas paredes e a guitarra fritando ao som de Stevie Ray Vaughan, com a música Mary Had a Little Lamb. Assim a sexta de muita gente acontece, genuinamente bluseira e etílica.
Muitos músicos e bandas já passaram pela garagem de Edir, como o gaitista Robson Fernandes, um dos principais nomes do blues brasileiros, Renato Fernandes (Bêbados Habilidosos) e as bandas Sinuca de Bico, The New Old Cats, Mr. Willie e Renegados do Blues.
A proprietária perdeu as contas de quantas pessoas vão ao Rota as sextas-feiras. “Lota tudo, dá para vender dez caixas de cerveja”, comenta.
“É gente de tudo quanto é idade”, diz, desde universitários a velhos senhores, motociclistas, e os que só estão “passando” por ali, mas por fim, ao som do Missippi, viram clientes cativos.
A dentista Naurea Silva, de 34 anos, considera o Rota o melhor bar de Campo Grande hoje. Há 1 ano e meio frequenta o local com o namorado. “É um pessoal saudável, nunca vi briga e a música é ótima. É tão legal que a dona nem precisa fazer propaganda, é tudo na base do boca a boca”.
Para o músico João Gerd, o bar é uma forma de unir as tribos, independente de qual for. “O blues contempla todo mundo, por isso o bar está sempre cheio e o melhor, sem brigas e com muito respeito”.
Mas o sucesso virou dor de cabeça para a concorrência. Toda semana, a Polícia Militar acaba com a festa dos bluseiros que, teimosos, voltam cada vez em número maior ao Rota. “Ninguém quer que feche”, lembra Edir.
Há cinco anos a tormenta permanece e a resistência ganha força. “Teve dia que eram 30 PMs aqui na frente de casa, tava me sentindo uma criminosa”, reclama. Edir admite que não tem licença municipal, mas diz que fez de tudo para regularizar a situação.
“O problema é que a casa é muito antiga e não tem mais a planta arquitetônica. Não dá para regularizar. Chato é que não tenho objetivo nenhum de ganhar dinheiro com isso, só quero reunir as pessoas para ouvir blues”.
Fonte: www.campograndenews.com.br

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