Sindicato atribui avanço a chegada de concorrente mexicano que investiu em áreas até então desprezadas
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Os números do mercado cinematográfico, em 2010, prometem render mil e uma comemorações e mais uma porção de análises.
Do recorde nos ingressos vendidos aos bons resultados do cinema brasileiro, que teve três filmes com mais de 3 milhões de espectadores, são muitas as novidades abrigadas nos relatórios que começam a vir à tona.
Uma delas diz respeito à ampliação do chamado parque exibidor que, reduzido a quase nada no início dos anos 1990, tornou-se uma barreira ao avanço do setor cinematográfico.
Em 1997, para se ter uma ideia, havia pouco mais de mil telas no Brasil. Em 1975, eram 3,5 mil. Se ainda não recuperamos o tamanho de então, tampouco continuamos a ser o país dos sem-tela.
O Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro estima que 2010 chegue ao fim com aproximadamente 2,5 mil salas, o que significa um crescimento de 6,3% em relação a 2009.
Para Jorge Peregrino, presidente do Sindicato, quem deu esse empurrão ao mercado foi o grupo mexicano Cinépolis, um dos maiores do mundo, que, enfim, decidiu investir no Brasil.
"O crescimento tem a ver com o que a gente chama de concorrência saudável", diz Peregrino. "Os outros exibidores se viram obrigados a olhar pra lugares para os quais não olhavam antes." Inclui-se, no novo radar dos projetores, o circuito voltado à classe C emergente.
A despeito das boas novas, a média de telas por habitante no Brasil continua sendo uma das menores da América Latina. Enquanto o México tem uma tela para cada 25 mil habitantes, no Brasil esse índice é de 80 mil.
"Para alcançarmos o México, teríamos que ter 5 mil cinemas", calcula Peregrino, lembrando que, hoje, somos 200 milhões de brasileiros e não mais os "90 milhões em ação" da década de 1970.
ÓCULOS LUCRATIVOS
Tanto quanto o ano do filme brasileiro -"Tropa de Elite 2" à frente-, 2010 entrará para a história como o ano em que o 3D se consolidou e mostrou seu poder de fogo financeiro.
O Brasil chegou a 200 salas com equipamento digital, contra 96 em 2009. As sessões assistidas com os óculos quadrados tiveram peso considerável no aumento da renda que, de acordo com o Sindicato, somará R$ 1,27 bilhão e representará um aumento de 32% em relação a 2009.
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