Mário Filho. Ator de teatro, cinema e TV (DRT 093/MS) formado pela Academia Nacional de Atores, do Rio de Janeiro. Este blog é destinado a aqueles que gostam de estudos teatrais e queiram compartilhar idéias e sugestões. Sinta-se a vontade para enviar seus comentários, todos serão lidos e caso necessário, respondidos no próprio blog.
sexta-feira, 8 de abril de 2016
O teatro é de todos e para todos
A Importância do Teatro, o povo, o governo e a desvalorização - Por Ramon Vitor
Apesar de não receber o seu devido valor sempre, indiscutivelmente o teatro é fundamental na formação cultural e pessoal de qualquer pessoa.
Ele nos faz conhecer mais sobre a nossa própria cultura que a cada vez mais as pessoas não dão o devido valor, apesar de esta ser uma identidade, carregada por todos nós. Entretanto, em 2009, foi feita uma pesquisa pelo Instituto da Cidadania com jovens de 15 a 24 anos, abordando temas gerais da vida, como lazer, trabalho, escolaridade e sexualidade. E o que mais chama atenção é a abstinência cultural do jovem brasileiro:
23% nunca leram um livro
39% nunca foram ao cinema
62% nunca foram ao teatro
59% nunca foram a um show musical
52% nunca estiveram numa biblioteca fora da escola
O que mais chama a atenção, é que mesmo um espetáculo teatral sendo considerado muito mais rico que um filme no cinema, os números apontam que os brasileiros vão muito mais a cinemas que a teatros. Percebe-se que o acesso ao cinema é muito maior que ao teatro. Por que não o oposto? O teatro dentro de sua composição tem muito mais cultura a apresentar para nós do que um filme que às vezes até trazem obras vazias.
Nas crianças, o teatro ajuda na formação e no desenvolvimento, que assim irá despertar o desejo por conhecimento. Com toda certeza, ele deveria ser acrescentado na educação básica de todo jovem brasileiro, pois ele traz entretenimento, informação e cultura uma forma prazerosa e bem divertida.
Se acrescentado nas grades curriculares, o aluno teria mais vontade e desejo pelo estudo, já que poderia ser uma aula descontraída e divertida, mas, claro, ao mesmo tempo trouxesse muita coisa de ensino ao aluno.
Há espetáculos que são especificamente para o público jovem, tratando de assuntos que lhes lembram e lhes aproximam mais diretamente. Mas também há muitos outros espetáculos a que os jovens também podem assistir. Formidáveis peças de teatro são universais, que atingem tanto o adulto quanto o jovem e a criança.
O Povo
Outra pesquisa, um pouco mais recente, realizada pelo Ipea no final de 2010, mostra que:
"Metade dos brasileiros nunca foi a cinema, teatro ou museu"
Quase 60% da população brasileira nunca foi a um teatro ou a um show de dança e aproximadamente 70% jamais foi a museus ou centros culturais.
Segundo o Ipea, o desenvolvimento cultural depende do contexto urbano em que a população é inserida e a dificuldade de acesso a equipamentos culturais é apontada como um dos fatores para criar barreiras.
“A classe média brasileira diz que cultura é importante, mas se questionada sobre a frequência dela nestes espaços, é possível observar que ela prefere consumir. É o velho modelo importado dos americanos. No tempo livre, a população escolhe comer em um restaurante, por exemplo, do que gastar o dinheiro com livros ou música”, afirma o artista plástico Carlos Dalastella. (Trecho retirado deste texto do site gazetadopovo)
Não é questão de tempo, poder aquisitivo, consumismo. É questão de ter um pouco de esforço e pensamento próprio. Não há como negar, o brasileiro é acomodado em relação ao conhecimento. Algumas dificuldades podem até serem explicadas, mas não são desculpas para estagnar o seu desenvolvimento como pessoa, cidadão. Não são desculpas para você esquecer a literatura, a música boa, o seu conhecimento.
Hoje, o teatro não mais ocupa o centro da vida das pessoas e tornou-se uma arte "das minorias". Não venho a dizer que uma arte insignificante, nem uma arte a desaparecer, mas, sua capacidade de persuasão na vida de cada um não pode competir com a da televisão e nem do cinema. Entretanto, enquanto a televisão está cada vez mais a dispor da Mesmice e da busca pela a maior audiência, o teatro mudou, ou melhor dizendo, aumentou a liberdade que lhe permite explorar territórios novos... Tanto na escrita, como na encenação.
Vocês que estão lendo, já fizeram visitas ao teatro? Já foram a outras instituições culturais? A museus? Qual é a sua familiaridade com o teatro?
Você sabia que a platéia é o membro mais respeitado no teatro? E é para você que todos os esforços dos atores e da equipe técnica se somam, preparando o melhor espetáculo. Este que poderá ser uma grande experiência, com a qual poderá aprender muito e levar diversas lições com apenas uma peça.
A face, a identidade de uma origem cênica é infinitamente mais que a mera exibicão da notação de um estilo marcante. Ela é o ponto a partir do qual uma cena devolve a total liberdade diante da obra, e que não obriga a pessoa mudar seu ponto de vista, ou sua maneira de pensar, mas aplicar e redefinir aquilo à sua situação.
Governo É de se notar que principalmente no nosso país, assim como muitos outros programas culturais, o tetro tem falta de patrocínio e incentivo, o governo não incentiva o consumo da cultura nos momentos de lazer. O que será que facilita a ida do público ao teatro? O que facilita a ida do teatro até o público? Promover e baratear os ingressos, ter maior divulgação pelos meios de comunicação. A internet está ai, e cada vez crescendo mais, por quê não explorar esse meio? A adequação de transportes e a construção de centros culturais principalmente na periferia das cidades podem dar maior acesso ao teatro. A publicidade atrai a grande massa como público, publique isso, exponha essas mudanças. A formação de um público de teatro, tem como objetivo a ampliação dos freqüentadores podendo, e criando SIM o hábito de ir ao teatro, na parcela atingida da população. Concluindo, se tiver a oportunidade de ir apreciar as peças teatrais, não pense duas vezes, vá e conseguirá perceber o quanto esta cultura pouco considerada vale muito a pena. A desconsideração do teatro é uma triste realidade, mas ela existe. Seria legal que isso mudasse, mesmo que aos poucos... As novas gerações vêm mudando ultimamente, alguns estão tendo mais contato com a arte de um modo mais geral. Seja por seus sonhos, estes desenham, compõem músicas e poemas, e isso já é um início... Agora é torcer por uma mudança de hábitos.
Fonte: oficinadeteatro.com
domingo, 2 de novembro de 2014
O Cinema em Mato Grosso do Sul
Com o lançamento do filme A TV ESTÁ LIGADA, do diretor ESSI RAFAEL no próximo final de semana no Cinemark do Shopping Campo Grande, vimos mais uma produção do cinema de MS que se encontra em franca expansão.
Para aqueles que acham que o estado e sua capital vive exclusivamente do teatro quando se fala em artes cênicas, essa efervescência cultural tem sido muito benéfica.
De 2009 para cá temos visto várias produções, tanto locais quanto nacionais, sendo levadas a termo em nossa cidade.
Tive a oportunidade e o prazer de participar de algumas dessas produções, com orgulho de ver como o mercado está se encaminhando.
Em 2009 fiz parte do elenco de apoio do longa-metragem CABEÇA A PRÊMIO, dirigida pelo ator e diretor MARCO RICCA.
E após essa breve participação, pude fazer parte do elenco de alguns curta-metragens locais, onde senti-me orgulhoso por estar fazendo parte do cinema desse belo estado.
Também tivemos o prazer de participar das gravações de ANA, do diretor BRENO BENETTI, onde o universo onírico da personagem servia de pano de fundo para essa história muito interessante.
E nesse ano de 2014, tivemos as gravações de LÚCIA TEM UM RABO, de CAMILA NHAM, agora chega o momento da mais nova produção da qual tomaremos parte.
E ainda há quem diga que não há produção cinematográfica fora do eixo Rio-SP. Tem que se observar melhor as produções locais. Além de MS, Rio Grande do Sul e Curitiba, bem como Salvador e outras cidades, estão com polos de cinema muito movimentados.
Aproveite prá conferir o trailer e o teaser de algumas das produções acima na nossa página de vídeos clicando AQUI.
Agora, estamos em fase de preparação para participar em mais uma produção cinematográfica, trata-se do curta-metragem AQUI Ó, dos diretores FÁBIO FLECHA e TÂNIA SOZZA, da Render Brasil. Aguardem então mais uma estréia nos nossos cinemas de uma produção genuinamente sul-matogrossense.
Vale a pena conferir!
sexta-feira, 25 de julho de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
Teatro de Epidauro - O Primeiro Teatro!!!
O Documentário discorre sobre a cidade perdida de Atlântida, a lenda do terrível minotauro, o santuário religioso de Zeus, o oráculo místico de Delfos, o primeiro teatro e a engenhosidade grega na primeira arena acústica, o Colosso de Rodes e a obra suprema, o magnífico Pártenon. Mostrando e narrando a história das invenções e lendas o documentário procura responder como os antigo gregos foram capazes de realizar tantas inovações no alvorecer da história européia. Esse trecho mostra a imaginação e engenhosidade grega na criação do primeiro teatro e, procura responder a questão - Como eles conseguiram fazer um palco de som insuperável até hoje?
Fonte: Seven Wonders of Ancient Greece, Documentário, EUA / Grécia, 2005, 52 min. - Direção: Chris Lethbridge
Fonte: Seven Wonders of Ancient Greece, Documentário, EUA / Grécia, 2005, 52 min. - Direção: Chris Lethbridge
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Eva Wilma
EVA WILMA
Por: Artur da Távola
Um dos exemplos de forte permanência no estrelato de TV, a despeito de todas as alternativas e mudanças num meio tão voraz é o de Eva Wilma, ainda esta semana em grande evidência nos divertidos capítulos do frustrado casamento de Jordão em “Transas e Caretas”, nos quais a atriz deu lições de versatilidade em comédia.
Eva Wilma consegue o milagre de provir da fase menos prestigiada da televisão, atravessar todo o período em que a mídia era relegada a uma posição de sub-arte e nele permanecer luzindo até hoje, com destaque e respeito artístico. Enfrentou, ainda, como principal fator de audiência o período mais difícil da Rede Tupi da qual era a principal estrela, carregando o público de resistência com o qual a emissora conseguiu as transfusões para viver seus últimos e sofridos sete anos.
Há, portanto, no carisma de Eva Wilma, elementos de fundas relações com o sentir popular, aos quais se somam os dotes artísticos, a tarimba e a total legitimidade para representar a média feminina na audiência.
A atriz domina o comportamento diante das câmeras, sabendo posicionar-se e estimular o desempenho facial no qual ressalta um mecanismo especial de trabalhar olhos e bocas. Os olhos, principalmente, são decisivos na concentração de atenção sobre o que pretende o ator em televisão. Eva Wilma possui um trabalho constante da expressão ocular coadjuvando todos os seus movimentos e dizeres e acrescentando os elementos de namoro coqueteria e comentário com o público que a caracterizam como atriz de interpretação.
A atriz intérprete medeia sua criação com inúmeras mensagens pessoais, solos, virtuosismos, comentários extra-texto através dos quais exerce o seu fascínio ou emite as suas mensagens. Eva Wilma em telecena parece estar sempre proclamando a sagacidade, inteligência e penetração do eterno feminino, numa sociedade dominada por homens. Exibe nos comentários silenciosos com os quais envolve suas personagens o arsenal de artimanhas através do qual a mulher encontra meios não frontais de contornar o efeito esmagador do machismo, acentuando as virtudes da sutileza, percuciência e capacidade da mulher de operar no amor de maneira diferenciada.
Não passa, portanto, Eva Wilma, conceitos ou formas agressivas de protesto. Ela dilui, envolve, desmoraliza até, porém não se opõe de frente ou apõe idéia contra idéia. Essa arte e manha do estratagema agrada à maioria feminina que também não conta com a possibilidade de armas e atitudes radicais. Precisa aceitar as imposições do sistema machista para de dentro dele operar a demolição, ou quando no caso de amor, fraternidade e entendimento, exercitar a compreensão profunda e a enorme capacidade de admiração e por dedicação ao ser amado.
O eterno feminino é, pois, também em Eva Wilma o traço dominante do carisma. Aqui o nome Eva, como símbolo da primeira mulher parece ainda reforçar-lhe os signos. Ela aparece como uma representante competente e estimada das lutas da mulher anônima, no dia a dia pouco glorioso e nada teórico da enorme área conflitiva entre homem e mulher na condição de princípios (masculino e feminino) ao mesmo tempo opostos e complementares.
Os anos de atuação num meio que depende diretamente de comunicação com o público deram a Eva Wilma uma noção muito clara do brilho telegênico. A atriz sabe que a tela é pequena, sem profundidade e o olho do telespectador, volúvel, com forte tendência a logo se cansar. Desenvolve, então, um itinerário de expressões, respirações, alterações de humor e inflexões engenhosas que colorem e fazem brilhar a sua aparição. Consegue aquele tropismo segundo o qual o olhar do telespectador não tem como deixar de segui-la, mantendo-se atado às manifestações de seu brilho cênico. Este é naturalista como a televisão de mercado e nada possui de pomposo ou solene e sim de lúdico, brincalhão. A atriz consegue o estabelecimento do pacto fundamental de ficção através do qual toda a fantasia pode ser verdadeiro.
A capacidade de estabelecer solidariedade profunda e brilhante com o telespectador, é – e teria que ser – o corolário de anos de vivência em televisão, meio no qual a ativação da relação com telespectador precisa se dar em função da importância deste na decisão da audiência apesar de não haver a aquecedora presença física do público.
O ator típico de televisão desenvolve os mecanismos empáticos através dos quais como que adivinha a emoção do telespectador, dele recebendo à distância as cargas aquecedoras indispensáveis ao desencadear da emoção e do “pathos” do ator. Eva Wilma parece haver desenvolvido – em todos esses anos
- uma forma pessoal e sábia de circulação emotiva, feita à distância e com adivinhações, responsável por colocar o ator não perto mas dentro do público pelo recurso do close up e primeiros planos sobre rostos emocionados. É a telepatia, um longe que se faz íntimo e internaliza sentimentos, percepções, afinidades, material estético e dramático do seu repertório de “subjetiverdades”.
Eva Wilma obtém, com todo esse desenvolvimento, simpatia e brilho a ampla e profunda representação do eterno feminino. É, por isso, um exemplo cabal de atriz típica da televisão que assimilou em seu modo de atuar as peculiaridades empáticas do meio e rompe a barreira de preconceitos que envolve o veículo, o que justifica uma carreira brilhante, aceita por todo Brasil em relação à qual nenhuma forma de crítica ou análise lhe pode negar talento, quantidade de obra e as condições carismáticas para o exercício do estrelato despido de qualquer estrelismo.
Por: Artur da Távola
Um dos exemplos de forte permanência no estrelato de TV, a despeito de todas as alternativas e mudanças num meio tão voraz é o de Eva Wilma, ainda esta semana em grande evidência nos divertidos capítulos do frustrado casamento de Jordão em “Transas e Caretas”, nos quais a atriz deu lições de versatilidade em comédia.
Eva Wilma consegue o milagre de provir da fase menos prestigiada da televisão, atravessar todo o período em que a mídia era relegada a uma posição de sub-arte e nele permanecer luzindo até hoje, com destaque e respeito artístico. Enfrentou, ainda, como principal fator de audiência o período mais difícil da Rede Tupi da qual era a principal estrela, carregando o público de resistência com o qual a emissora conseguiu as transfusões para viver seus últimos e sofridos sete anos.
Há, portanto, no carisma de Eva Wilma, elementos de fundas relações com o sentir popular, aos quais se somam os dotes artísticos, a tarimba e a total legitimidade para representar a média feminina na audiência.
A atriz domina o comportamento diante das câmeras, sabendo posicionar-se e estimular o desempenho facial no qual ressalta um mecanismo especial de trabalhar olhos e bocas. Os olhos, principalmente, são decisivos na concentração de atenção sobre o que pretende o ator em televisão. Eva Wilma possui um trabalho constante da expressão ocular coadjuvando todos os seus movimentos e dizeres e acrescentando os elementos de namoro coqueteria e comentário com o público que a caracterizam como atriz de interpretação.
A atriz intérprete medeia sua criação com inúmeras mensagens pessoais, solos, virtuosismos, comentários extra-texto através dos quais exerce o seu fascínio ou emite as suas mensagens. Eva Wilma em telecena parece estar sempre proclamando a sagacidade, inteligência e penetração do eterno feminino, numa sociedade dominada por homens. Exibe nos comentários silenciosos com os quais envolve suas personagens o arsenal de artimanhas através do qual a mulher encontra meios não frontais de contornar o efeito esmagador do machismo, acentuando as virtudes da sutileza, percuciência e capacidade da mulher de operar no amor de maneira diferenciada.
Não passa, portanto, Eva Wilma, conceitos ou formas agressivas de protesto. Ela dilui, envolve, desmoraliza até, porém não se opõe de frente ou apõe idéia contra idéia. Essa arte e manha do estratagema agrada à maioria feminina que também não conta com a possibilidade de armas e atitudes radicais. Precisa aceitar as imposições do sistema machista para de dentro dele operar a demolição, ou quando no caso de amor, fraternidade e entendimento, exercitar a compreensão profunda e a enorme capacidade de admiração e por dedicação ao ser amado.
O eterno feminino é, pois, também em Eva Wilma o traço dominante do carisma. Aqui o nome Eva, como símbolo da primeira mulher parece ainda reforçar-lhe os signos. Ela aparece como uma representante competente e estimada das lutas da mulher anônima, no dia a dia pouco glorioso e nada teórico da enorme área conflitiva entre homem e mulher na condição de princípios (masculino e feminino) ao mesmo tempo opostos e complementares.
Os anos de atuação num meio que depende diretamente de comunicação com o público deram a Eva Wilma uma noção muito clara do brilho telegênico. A atriz sabe que a tela é pequena, sem profundidade e o olho do telespectador, volúvel, com forte tendência a logo se cansar. Desenvolve, então, um itinerário de expressões, respirações, alterações de humor e inflexões engenhosas que colorem e fazem brilhar a sua aparição. Consegue aquele tropismo segundo o qual o olhar do telespectador não tem como deixar de segui-la, mantendo-se atado às manifestações de seu brilho cênico. Este é naturalista como a televisão de mercado e nada possui de pomposo ou solene e sim de lúdico, brincalhão. A atriz consegue o estabelecimento do pacto fundamental de ficção através do qual toda a fantasia pode ser verdadeiro.
A capacidade de estabelecer solidariedade profunda e brilhante com o telespectador, é – e teria que ser – o corolário de anos de vivência em televisão, meio no qual a ativação da relação com telespectador precisa se dar em função da importância deste na decisão da audiência apesar de não haver a aquecedora presença física do público.
O ator típico de televisão desenvolve os mecanismos empáticos através dos quais como que adivinha a emoção do telespectador, dele recebendo à distância as cargas aquecedoras indispensáveis ao desencadear da emoção e do “pathos” do ator. Eva Wilma parece haver desenvolvido – em todos esses anos
- uma forma pessoal e sábia de circulação emotiva, feita à distância e com adivinhações, responsável por colocar o ator não perto mas dentro do público pelo recurso do close up e primeiros planos sobre rostos emocionados. É a telepatia, um longe que se faz íntimo e internaliza sentimentos, percepções, afinidades, material estético e dramático do seu repertório de “subjetiverdades”.
Eva Wilma obtém, com todo esse desenvolvimento, simpatia e brilho a ampla e profunda representação do eterno feminino. É, por isso, um exemplo cabal de atriz típica da televisão que assimilou em seu modo de atuar as peculiaridades empáticas do meio e rompe a barreira de preconceitos que envolve o veículo, o que justifica uma carreira brilhante, aceita por todo Brasil em relação à qual nenhuma forma de crítica ou análise lhe pode negar talento, quantidade de obra e as condições carismáticas para o exercício do estrelato despido de qualquer estrelismo.
Entusiasmo – essência da criatividade
ENTUSIASMO - A ESSÊNCIA DA CRIATIVIDADE
Por: Eva Wilma
A essência da criatividade está no entusiasmo que você sente bem dentro de si. Essa criatividade que o ator vai usar com muita técnica, com muito estudo, para transmitir algo para os outros. Para fazer os outros refletirem, pensarem, através da emoção, através do entretenimento, através do divertimento sim, mas, acima de tudo, através da reflexão, da vida para torná-la melhor a todos.
A palavra entusiasmo vem do grego “ente-osmos”, que significa “ter um Deus dentro”. Então, a essência do ator é isto - encontrar um Deus dentro de si. Que vai se transformar em deuses, reis, rainhas, palhaços, bruxas... Por isso dizemos uns para os outros que “Os deuses do teatro nos inspirem e nos protejam”. Por isso que, para mim, os teatros são templos. Templos para refletirmos a vida através de emoções, através da beleza, através de todas as formas de criatividade que o artista, que os artistas encontram – autores , diretores e atores. Agora, no espaço cênico livre, que é o exercício do teatro, é um ser humano diante de seres humanos diretamente e isto vai sobreviver para sempre. Quanto maior a evolução da tecnologia, dos efeitos especiais, do nosso cinema, dos efeitos especiais do genial Spielberg, quanto mais evolua isto, mais vai permanecer como sagrado, a pessoa, o ator diante de uma pessoa. Na sua essência mais pura que, em última análise, vê-se na poética de um grande palhaço, na poética de um grande Chaplin, quando ele está assim purinho, diante de outras pessoas.
Obs.: Vou continuar “esperando Godot” pelo resto da vida. Porque tenho certeza que, se ele não veio hoje, ele virá: no coração de cada um que tiver esperança.
Por: Eva Wilma
A essência da criatividade está no entusiasmo que você sente bem dentro de si. Essa criatividade que o ator vai usar com muita técnica, com muito estudo, para transmitir algo para os outros. Para fazer os outros refletirem, pensarem, através da emoção, através do entretenimento, através do divertimento sim, mas, acima de tudo, através da reflexão, da vida para torná-la melhor a todos.
A palavra entusiasmo vem do grego “ente-osmos”, que significa “ter um Deus dentro”. Então, a essência do ator é isto - encontrar um Deus dentro de si. Que vai se transformar em deuses, reis, rainhas, palhaços, bruxas... Por isso dizemos uns para os outros que “Os deuses do teatro nos inspirem e nos protejam”. Por isso que, para mim, os teatros são templos. Templos para refletirmos a vida através de emoções, através da beleza, através de todas as formas de criatividade que o artista, que os artistas encontram – autores , diretores e atores. Agora, no espaço cênico livre, que é o exercício do teatro, é um ser humano diante de seres humanos diretamente e isto vai sobreviver para sempre. Quanto maior a evolução da tecnologia, dos efeitos especiais, do nosso cinema, dos efeitos especiais do genial Spielberg, quanto mais evolua isto, mais vai permanecer como sagrado, a pessoa, o ator diante de uma pessoa. Na sua essência mais pura que, em última análise, vê-se na poética de um grande palhaço, na poética de um grande Chaplin, quando ele está assim purinho, diante de outras pessoas.
Obs.: Vou continuar “esperando Godot” pelo resto da vida. Porque tenho certeza que, se ele não veio hoje, ele virá: no coração de cada um que tiver esperança.
O Processo de Trabalho do Ator
O PROCESSO DE TRABALHO DO ATOR
Por: Eva Wilma
O ator tem que ter consciência da necessidade do aprimoramento dos seus instrumentos. Da sua técnica.
Ele tem que ter o preparo quase de atleta, preparo vocal, que vai desde a emissão da voz, a projeção dela, a dicção, a empostação, até a articulação. Para ser um intérprete, tem que se liberar de sotaques, para poder faze-los quando necessários. São técnicas de emissão de voz, técnicas de respiração, técnicas de seus instrumentos todos.
E, acima de tudo, tem que aprender a analisar um texto, a mergulhar nele. Grandes mestres já dissecaram isto. Stanislavski, por exemplo, foi um dos primeiros que racionalizou o método do ator.
No Brasil, Eugênio Kusnet (tive o privilégio de ser sua aluna) traduziu para nós o que é o método. Por exemplo, ele deixa claro o processo da “ação contínua”, muito importante na televisão ou cinema, porque temos que ter, com muita clareza, a “ação contínua” na cabeça. Ou seja, em cada cena, temos que saber em que estado estávamos na cena anterior e como é que estaremos na seguinte.
“O texto é a partitura, o diretor é o maestro e o ator o instrumento.”
Isto o ator tem que estudar. Tem que sentar e estudar. Tem que ter isto muito claro, emocional e tecnicamente, até para poder fazer propostas para o diretor, que é o maestro. No trabalho em televisão isto conta muito porque o diretor não tem tempo de acompanhar a “ação contínua” de mais de trinta personagens de uma novela. E isto compete a cada ator, que tem que saber a sua “ação contínua”.
Então, “ação contínua”, “memória emotiva”...O que é memória emotiva? Se o personagem, ao abrir aquela cena, tem que estar num estado de total desespero, aos prantos, como é que o ator entra nesse estado rapidamente? Ele tem que ter um poder enorme de relaxamento e concentração. Tem que se concentrar e mergulhar nas suas vivências. Para ajudar, temos também o esquentamento físico.
Eu, por exemplo, na televisão, como tudo é muito rápido, vou para traz dos cenários e corro de um lado para o outro até esquentar. Depois disso, é soltar as emoções. São várias as técnicas. Isto se aprende na escola. É necessário conhecer tudo isto para se tornar receptivo e, portanto, apto a transmitir emoções, pensamentos, idéias. Para atingir o estado emocional desejado, o ator pode usar experiências da sua vida, paralelas ao momento da vida daquele personagem. Isto é muito importante na televisão e no cinema. No teatro, basta que o ator esteja realmente preparado física e emocionalmente. Antes de entrar em cena, alguns exercícios vocais e físicos ajudarão o relaxamento e a concentração total.
É preciso muito cuidado porque, se entrar em cena para usar a voz em todos os potenciais sem esquentar as cordas vocais, poderá machucá-las. É preciso ter técnica. Quanto mais técnica tivermos, mais poderemos passar emoções.
“A essência do ator é encontrar um Deus dentro de si.”
O ator deve desenvolver equilíbrio perfeito entre técnica e emoção. Quanto maior for o perfeccionismo técnico, mais alto poderemos voar com as emoções.
Uma vez em cena, a “ação contínua” será contínua mesmo e esta é a grande magia do teatro.
Durante o tempo todo do espetáculo, a ação se desenvolverá diretamente diante do público.
Por: Eva Wilma
O ator tem que ter consciência da necessidade do aprimoramento dos seus instrumentos. Da sua técnica.
Ele tem que ter o preparo quase de atleta, preparo vocal, que vai desde a emissão da voz, a projeção dela, a dicção, a empostação, até a articulação. Para ser um intérprete, tem que se liberar de sotaques, para poder faze-los quando necessários. São técnicas de emissão de voz, técnicas de respiração, técnicas de seus instrumentos todos.
E, acima de tudo, tem que aprender a analisar um texto, a mergulhar nele. Grandes mestres já dissecaram isto. Stanislavski, por exemplo, foi um dos primeiros que racionalizou o método do ator.
No Brasil, Eugênio Kusnet (tive o privilégio de ser sua aluna) traduziu para nós o que é o método. Por exemplo, ele deixa claro o processo da “ação contínua”, muito importante na televisão ou cinema, porque temos que ter, com muita clareza, a “ação contínua” na cabeça. Ou seja, em cada cena, temos que saber em que estado estávamos na cena anterior e como é que estaremos na seguinte.
“O texto é a partitura, o diretor é o maestro e o ator o instrumento.”
Isto o ator tem que estudar. Tem que sentar e estudar. Tem que ter isto muito claro, emocional e tecnicamente, até para poder fazer propostas para o diretor, que é o maestro. No trabalho em televisão isto conta muito porque o diretor não tem tempo de acompanhar a “ação contínua” de mais de trinta personagens de uma novela. E isto compete a cada ator, que tem que saber a sua “ação contínua”.
Então, “ação contínua”, “memória emotiva”...O que é memória emotiva? Se o personagem, ao abrir aquela cena, tem que estar num estado de total desespero, aos prantos, como é que o ator entra nesse estado rapidamente? Ele tem que ter um poder enorme de relaxamento e concentração. Tem que se concentrar e mergulhar nas suas vivências. Para ajudar, temos também o esquentamento físico.
Eu, por exemplo, na televisão, como tudo é muito rápido, vou para traz dos cenários e corro de um lado para o outro até esquentar. Depois disso, é soltar as emoções. São várias as técnicas. Isto se aprende na escola. É necessário conhecer tudo isto para se tornar receptivo e, portanto, apto a transmitir emoções, pensamentos, idéias. Para atingir o estado emocional desejado, o ator pode usar experiências da sua vida, paralelas ao momento da vida daquele personagem. Isto é muito importante na televisão e no cinema. No teatro, basta que o ator esteja realmente preparado física e emocionalmente. Antes de entrar em cena, alguns exercícios vocais e físicos ajudarão o relaxamento e a concentração total.
É preciso muito cuidado porque, se entrar em cena para usar a voz em todos os potenciais sem esquentar as cordas vocais, poderá machucá-las. É preciso ter técnica. Quanto mais técnica tivermos, mais poderemos passar emoções.
“A essência do ator é encontrar um Deus dentro de si.”
O ator deve desenvolver equilíbrio perfeito entre técnica e emoção. Quanto maior for o perfeccionismo técnico, mais alto poderemos voar com as emoções.
Uma vez em cena, a “ação contínua” será contínua mesmo e esta é a grande magia do teatro.
Durante o tempo todo do espetáculo, a ação se desenvolverá diretamente diante do público.
Assinar:
Postagens (Atom)