segunda-feira, 27 de agosto de 2012

TEATRO PRIMITIVO

“A arte não é um estado da alma (no sentido de algum momento extraordinário e imprevisível de inspiração), nem um estado do homem (no sentido de uma profissão ou função social). A arte é um amadurecimento, uma evolução, uma ascensão que nos torna capazes de emergir da escuridão para uma luz fantástica”. JERZY GROTOWSKI.

O teatro é tão velho quanto a humanidade. Desde que começamos a entender quem somos fazemos teatro. Conceitos basicos dos rituais como transformar-se em uma outra pessoa é uma das formas mais primitivas da expressão humana. O raio de ação do teatro, portanto, inclui a pantomima de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramáticas diferenciadas dos tempos modernos.

“Do ponto de vista da evolução cultural, a diferença essencial entre formas de teatro primitivas e mais avançadas é o número de acessórios cênicos à disposição do ator para expressar sua mensagem. O artista de culturas primitivas e primeras arranja-se com um chocalho de cabaça e uma pele de animal; a ópera barroca mobiliza toda uma parafernália cênica de sua época. Ionesco desordena o palco com cadeiras e faz uma proclamação surda-muda da triste nulidade da incapacidade humana. O século XX pratica a arte da redução. Qualquer coisa além de uma gestualidade desamparada ou um ponto de luz tende a parecer excessiva.” (BERTHOLD, 2004).

O artista que necessita apenas de seu corpo para evocar mundos inteiros e percorrer a escala completa das emoções representa a expressão do teatro primitivo. A forma e conteúdo de expressão teatral são condicionados pelas necessidades de vida e pelas concepções religiosas. Atraves dessas concepções o artista extrai forças para transformar o homem em um meio capaz de transcender-se e a seus semelhantes.

“Mas o desenvolvimento e a harmonização do drama e do teatro demandam forças criativas que fomentam seu crescimento; é também necessária uma auto afirmação urbana por parte do indivíduo, junto a uma superestrutura metafísica. Sempre que essas condições foram preenchidas seguiu-se um florescimento do teatro. Quanto ao teatro primitivo, o reverso do seu desenvolvimento implica que a satisfação do dislumbre superior, em cada estágio, era conquistada às custas de alguma parte de sua força original.” (BERTHOLD, 2004).


O teatro primitivo utilizava acessórios exteriores, exatamente como seu successor altamente desenvolvido o faz. Máscaras e figurinos, acessórios e cenários, orquestras e danças coral, teatro de arena e procissões para suas celebrações rituais de magia, mas tudo de forma simples.

O teatro incorporou tanto a bufonaria grotesca quanto a severidade ritual. Podemos encontrar elementos farsescos nas formas mais primitivas. Danças e pantomimas de animais possuem tendências para o grotesco. No momento em que o nó do culto afrouxou, o instinto da mímica passa a provocar o riso. Situações e materiais são tirados da vida cotidiana.


O teatro, enquanto compensação para a rotina da vida, pode ser encontrado onde quer que as pessoas encontram-se na esperança de que a magia do teatro as transportará para um realidade mais elevada. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTHOLD. Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2004.

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