sábado, 14 de abril de 2012

Padre Antonio Vieira o primeiro encenador em terras brasileiras.

“Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos, realmente existimos; nos outros, apenas duramos”. Padre Antônio Vieira

Quando as missões jesuítas instalar-se no Brasil para catequizar os índios, a grande dificuldade era a comunicação. Os padres jesuitas não queriam rebaixar e falar a língua indígena e os indígenas não conseguiam falar a língua dos português.

Então como iriam catequizar os índios?

Padre Antônio Vieira quando foi ordenado sacerdote em 1634, já então escrevi alguns sermões e catequizava indígenas. Destacou-se como missionário em terras brasileiras e, nesta qualidade, defendeu os direitos dos povos indígenas combatendo sua exploração e escravização. Era por eles chamado de “Paiaçu” (Grande Pai/Pai, em tupi). Quer ser pregador, missionário, apóstolo, converter os incrédulos, combater o erro e trazer para a fé católica os índios do interior.

Padre Antônio Vieira teve a idéia de encenar a liturgia e as passagens da Bíblia para os índios como uma forma de catequizar-los. Com o contato direto com os índios ele começou a aprender a língua deles e a lutar por sua causa.

(Quando assistimos uma peça que não sabemos o idioma, por mais difícil que seja a compreensão no início depois de algum tempo passamos a entender a peça por causa dos gestos corporais, da energia e de situações que podemos já ter vivo).

Depois de um tempo os índios conseguiam compreender as práticas religiosas e o começou a ser utilizado como parte do trabalho catequético dos jesuítas se valia do teatro como forma de ilustração de verdades religiosas. Encenavam-se drama sacros, que versavam sobre a vida de santos e passagens das escrituras, e também havia ocasiões em que eram montadas obras clássicas.

Sermão de Santo Antônio (1654):

Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu poder. Leia um trecho do sermão:

"Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? (...) Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes? Nunca pior auditório. Ao menos têm os peixes duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam. Uma só cousa pudera desconsolar o Pregador, que é serem gente os peixes que se não há-de converter. Mas esta dor é tão ordinária, que já pelo costume quase se não sente (...) Suposto isto, para que procedamos com clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios. (...)"

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